terça-feira, 23 de abril de 2013

Jararacuçu da Bahia



Prezados amigos de Cumuruxatiba; com alguma frequência temos atendido vários moradores da nossa comunidade vítimas de acidentes ofídicos (picados por cobra). Infelizmente tivemos um óbito pois o paciente nos procurou 18 hs após o acidente. As complicações já tinham se instalado e o tratamento foi ineficaz. A mortalidade no Brasil como um todo com acidentes com cobra gira em torno de 125 óbitos por ano. Esta cifra é insignificante se comparada com os óbitos decorrentes dos acidentes automobilísticos, violência urbana, alcoolismo,drogas, etc.
No entanto no nosso meio me parece significativo pela alta frequência e dai a preocupação em abordar o assunto.

A maioria dos acidentes ocorrem com trabalhadores rurais do sexo masculino com idades entre 15 e 50 anos e as pernas até a altura do joelho são mais atingidas.
As cobras não tem nenhum interesse em picar uma pessoa, e quando o fazem é para se defender. No Brasil nenhuma espécie de cobra peçonhenta (venenosa) vem intencionalmente até uma pessoa para pica-la, são as pessoa que não percebem a presença da cobra e se aproximam dela.
Por isso toda atenção é recomendada quando estamos nos habitats desses animais.

Na nossa Vila e arredores a principal cobra venenosa pertence aos gêneros:
Bothrops,Bothropides,Rhinocerophis,Bothriopsis e Bothrocophias conhecidas popularmente como jararacas, jararacuçu,caissaca,urutu,urutu cruzeiro.
Responsáveis por 90,5% dos  acidentes



Jararacuçu

                                          Urutu Cruzeiro         

Após a picada o paciente apresenta inchaço (edema) no local da picada e pode evoluir para todo o membro atingido; hemorragia, gengivorragia  sangramento na urina, sangramento em ferimentos recentes, equimoses, abcessos,formação de bolhas e necrose.Em acidentes graves não tratados ocorre queda da pressão choque, insuficiência renal aguda e o paciente vai a óbito.


Foto Dr. Claudio Machado Brasil

Temos a seguir três tipos de cobras venenosas existentes em todo o Brasil e que eventualmente podem aparecer no nosso meio, porém são raras. 

1-Gênero Crotalus conhecida como Cascavel. 



Responsável por 7,7% dos acidentes ofídicos



2- Gênero Lachesis  conhecida como Surucucu-pico-de-jaca, bico-de-jaca, surucucu, surucutinga. 




Responsável por 1,4% dos acidentes ofídicos


3-Gênero Micrurus e Leptomicrurus conhecida como Coral ou Coral verdadeira. 



Responsável por 1% dos acidentes ofídicos.



Primeiros Socorros

1-Manter a vítima Calma

2-Evitar esforço físico como correr.

3-Procurar imediatamente o Posto de Saude para ser encaminhado ao Hospital que possua soros antiofídicos.

4-Levar a cobra se possível para identificação e aplicação do soro adequado.

5-Não fazer torniquete ou garrote no local em hipótese nenhuma. Isto agrava a lesão.

6-Não fazer perfurações ou cortes no local da picada, isto aumenta a chance de hemorragia e infecção.

7-Evitar curandeiros, mandingas e palpites de curiosos e leigos. A sua única chance é chegar o mais rapidamente possível ao local onde exista o soro para a reversão do envenenamento.

8-Não ingerir Bebidas alcoolicas.


Como Evitar as picadas de cobras


1-Uma cobra só ataca quando agredida. Em caso de ver-se próximo a uma cobra, mantenha-se imóvel até ficar fora do alcance dela.

2-Mantenha a grama aparada, os arbustos limpos e não deixe galhos amontoados.

3-Use uma vara para mexer em montes de entulhos ou madeiras.

4-Onde há ratos há cobras, limpe paiois e terreiros, sem deixar o lixo acumular.

5-Use sempre botas de cano longo e luvas de couro para o trabalho em locais suspeitos.

6-Não coloque as mãos ou os pés em buracos. Preste atenção antes de sentar no chão, ou em troncos de arvores.

7-Cobras gostam de lugares quentes , escuros e úmidos. Cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhas. Cuidado ao revirar cupinzeiros.

8-Não mexa em cobras ainda que estejam mortas. Ainda assim elas podem injetar veneno.

Fotos e informações: Dr. Paulo Sergio Bernardes
Laboratório de Herpetologia - Centro Multidisciplinar - Campus Floresta 
Universidade Federal do Acre – UFAC